Empatia. Foi isso que a professora aposentada Irene Rosa de Souza, 68 anos, moradora de Pindamonhangaba, teve ao confeccionar oito bolsinhas de crochê para que pacientes em tratamento de câncer de mama, atendidas na Santa Casa de São José dos Campos, possam colocar o dreno. O dreno de sucção é usado para retirar a secreção produzida normalmente após a cirurgia (mastectomia e segmentectomia com esvaziamento axilar).
A irmã de Irene, Ivone Rosa de Souza, 66, é uma dessas pacientes. Em tratamento na Santa Casa de São José dos Campos desde março de 2019, já passou por cirurgia, com boa recuperação. A ideia de fazer as bolsinhas surgiu quando Dona Irene acompanhava a irmã em uma consulta médica. “Vi uma moça com o dreno e o líquido exposto e ela colocou o dreno no chão. Fiquei pensando na higiene e também no conforto das pacientes, aí, fiz esse modelo”, conta ela, que pretende confeccionar 66 bolsinhas – a idade da irmã.
Junto à bolsinha, está um bilhete, escrito a mão, com a mensagem: “Queridas amigas: Confeccionei essa bolsinha para auxiliar a sua recuperação, que lhe dará um conforto ao andar. É gratuita. Por favor, depois de usar, passa para outra paciente com o mesmo problema. Parabéns pela sua coragem. Deus te proteja e desejo tudo de bom na sua cura”.
“Eu faço porque gosto e penso nas pacientes que estão enfrentando essa doença. Fico muito contente de saber que, para elas, são muito úteis na sua locomoção”, declara.
O gesto emocionou a equipe da Santa Casa de São José dos Campos. “É um ato de humanização com o próximo. Todos que visualizavam o dreno, perguntavam o que era aquilo e, com isso, gerou um desconforto para a irmã de Dona Irene. Ao fazer a bolsa de crochê para ela, acabaram os comentários e melhorou sua autoestima, pois agora, os comentários vêm de outra forma: ‘que bolsa bonita você tem’”, fala a dermatoterapeuta da Santa Casa, Ana Paula dos Santos Haro.
Mais do que auxílio, as bolsinhas de Dona Irene trouxeram um alento para a alma.