Uma pesquisa feita pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), em 33 países, apontou que, no Brasil, 42% dos entrevistados relataram alto consumo de álcool durante a pandemia de Covid-19, com maior prevalência entre os jovens. O alerta ganha força neste sábado (20/2), quando se celebra o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo.
Pessoas com ansiedade e depressão são mais propensas a aumentar o consumo de álcool durante este período, conforme foi constatado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Global da Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês), em estudo que será publicado na edição de abril no periódico Preventive Medicine.
O médico especialista em Psiquiatria, da Santa Casa de São José dos Campos, Rodrigo Gasparini, explica que o uso de substâncias entorpecentes acompanha a história da civilização. “Foram e são utilizados para diversas finalidades, dentre elas a desconexão com a realidade. O álcool, como substância entorpecente, também pode e muitas vezes acaba sendo utilizado com esta finalidade. Essa necessidade de desconexão com a realidade se fez tão presente durante a pandemia, porque é uma realidade difícil, que nos coloca frente a frente com uma doença, com a necessidade de se isolar e o homem é um ser coletivo por natureza, nos coloca frente a frente com a própria morte, além de outros aspectos envolvidos, como eventuais dificuldades financeiras e algumas necessidades que se fazem necessárias o enfrentamento”, diz o médico. “As pessoas estão sentindo medo, pânico, desamparadas, com pouca ou sem perspectiva, vivenciando de forma mais intensa o luto, a perda de entes queridos. O álcool é uma substância legalizada, de fácil acesso e, portanto, as pessoas acabam optando por ela”, completa.
Dr. Rodrigo pontua que as consequências do abuso de álcool são inúmeras. “São tanto do ponto de vista orgânico, já que pode levar à problemas de saúde, como gastrite, úlcera, pancreatite, descompensações de doenças metabólicas, como por exemplo, diabetes, hepatite alcoólica, encefalopatia, enfim, uma série de problemas de ordem orgânica, além de problemas de ordem comportamental e psíquica”, lista. “Em algum momento, a pessoa se torna mais expansiva e muitas vezes mais agressiva. A partir daí, os impactos também passam dos limites do indivíduo e atingem os limites da sociedade, pois aumenta o número de casos de violência doméstica, urbana, acidentes de trânsito e mortes”, acrescenta.
O médico destaca algumas iniciativas a serem trabalhadas com quem está passando por situação semelhante. “É preciso esclarecimento sobre o porquê de se usar a bebida como fuga, isso já é um grande passo para que deixe de usar; a escuta empática, terapêutica, pois estamos carentes de ouvido, as pessoas estão com medo, não têm para quem dizer e quando dizem não são ouvidas de formas empática, além da prática de atividade física, a busca por grupos de apoio e profissionais da saúde habilitados para tratar o problema. ”
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